Coronavírus e tabagismo: por que essa relação não dá certo?
23.07.2020A Covid-19, provocada pelo novo Coronavírus, é uma doença relativamente nova e, portanto, muitos estudos sobre seu comportamento ainda estão sendo desenvolvidos.
Enquanto a ciência tenta desvendar todos as nuances desse novo vírus, alguns perfis já valem ser colocados no radar, como é o caso dos fumantes. Para entender a relação da doença com esse grupo, considerado de risco, é preciso traçar uma linha do tempo sobre os malefícios do cigarro para o sistema respiratório.
Quando o assunto é tabagismo, o risco de adoecer as vias aéreas aumenta. Muito se fala sobre o surgimento do câncer, mas o cigarro também está associado a doenças respiratórias como asma, enfisema pulmonar, bronquite crônica e a doença pulmonar obstrutiva (DPOC).
Sistema respiratório comprometido: alerta para maior gravidade do Coronavírus
Segundo Andréa Reis, da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituo Nacional do Câncer (INCA), os fumantes também são acometidos com maior frequência a infecções, como sinusites, traqueobronquites, pneumonias e tuberculose. Além disso, o tabaco tem relação com diferentes tipos de inflamação e pode prejudicar os mecanismos de defesa do organismo.
Tratar sobre os malefícios do cigarro nos ajuda a entender por que os fumantes estão mais vulneráveis ao agravamento da infecção por Covid-19, uma vez que a doença acomete o sistema respiratório. Segundo o Ministério da Saúde, o novo Coronavírus tem alta transmissibilidade e provoca síndrome respiratória aguda, cuja letalidade varia em função da faixa etária e condições clínicas associadas.
É importante lembrar que a maioria das pessoas que adoecem em decorrência dessa doença apresentarão sintomas leves a moderados e se recuperarão sem tratamento especial. Porém, ainda segundo o Ministério da Saúde, casos mais graves podem requerer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória ou ainda necessitar de suporte para o tratamento de insuficiência respiratória (suporte ventilatório).
Portanto, o INCA alerta que devido a um possível comprometimento da capacidade pulmonar, o fumante possui mais chances de desenvolver sintomas graves da Covid-19. Além disso, vale destacar que o contágio se dá pelo contato com gotículas respiratórias de doentes e que, por isso, é tão importante higienizar as mãos com frequência, bem como superfícies tocadas constantemente, além de evitar tocar as mucosas de boca, nariz e olhos.
Contatos de risco
Uma vez que os fumantes estão constantemente colocando as mãos, e até mesmo cigarros contaminados, em contato com a boca, a possibilidade de transmissão do vírus fica maior ainda, reforça Andréa. Ela lembra também que o risco vale para os produtos que envolvem compartilhamento, como o narguilé, cigarros eletrônicos e cigarros de tabaco aquecido.
A boa notícia é: ao deixar de fumar, os benefícios à saúde são imediatos. Segundo o INCA, os pulmões dos fumantes já passam a funcionar melhor após 12 a 24 horas sem fumar. Desse modo, além dos cuidados com a higiene pessoal e de evitar aglomerações, é muito importante parar de fumar para prevenir o contágio de Covid-19.
Em qualquer situação, essa é uma decisão difícil e passa em algum grau pela gestão da abstinência. Pode ser ainda mais desafiador durante uma pandemia, quando há diversas situações estressantes. Mas a especialista do INCA lembra que o fumante precisa ponderar os riscos que corre, especialmente neste momento, e considerar esse contexto de pandemia como uma janela de oportunidade para dar um adeus definitivo ao cigarro.
Se você é fumante e quer parar de fumar, mas ainda não sabe por onde começar, separamos no quadro abaixo algumas orientações importantes dadas pelo INCA. Vamos nessa?